Poema do dia seguinte

A minha força.
Sustida por um fino fio de seda,
Fiel aos príncipios ancestrais
Do início de mim.
Permanece, dura, sobrevive,
Eleva o meu corpo a cada manhã
Fá-lo transpor os limites
E ser qualquer coisa
Que os outros compreendam.

Pareço mais do que sou
Na verdade, sou muito pouco.
Tudo o que tenho
É para me mascarar de gente.
Cá dentro sou sombra,
Reflexo ténue do que fui
Angústia numa redoma de amor.

Monólogo das duas da manhã



Porque estou só junto à minha tão querida janela.
Porque é de noite e ouço placidamente os ruídos da cidade.
Porque há muito tempo que aqui não colocava os meus devaneios.
Por tudo isso escrevo.

Escrevo para mim, num monólogo das horas tardias, na cumplicidade na noite e na certeza da cama fria à minha espera.

Não creio que escreva para os outros, porque aquilo que me habita agora é tão meu que mesmo que quisesse, pouco conseguiria dizer acerca do que me faz parar para pensar.

O meu blog é o meu canto, o meu farrapo de nuvem branca, pedaço inestimável dos meus dias.
Também é vosso, se me perdoarem o egoísmo de algumas frases e se se sentirem como eu nestas horas nocturnas e solitárias.