Reflexão (de mim para todos)

Quando muitas pessoas se unem e fazem o possível e o impossível para levar a bom porto um grande evento, tornam-se mais próximas, criam laços, sentem o orgulho de ter participado em algo grande!

Eu tenho pena, imensa pena, de não tê-lo feito na noite da medicina deste ano (do meu ano), de não poder subir ao palco e abraçar aquelas pessoas que são os meus colegas simplesmente porque não estive lá, na preparação, para criar laços ou para os reforçar.

Na verdade, arrependo-me de ter tido uma atitude um tanto ou quanto autista em algumas fases do curso, de ter dado demasiada importância àquilo que era suposto saber e não àquilo que tinha vontade de fazer. Os bons momentos passam-se em grupo, e não é só quando alguém faz anos ou na altura do Natal, mas sim em qualquer altura, só porque sim, dando o benefício da dúvida às pessoas que nos rodeiam e que tantas vezes não nos damos ao trabalho de tentar conhecer.

Depois de ter enchido o blog da Sandra com estas minhas reflexões (que penso que ela, de alguma forma, também terá tido) aqui coloco o meu próprio post, que não sei se incomoda alguém mas, espero eu, que espicaçe alguém!

Amanhã estou de urgência das 8 às 20h (num domingo, sim) mas não pretendo que a dureza da vida me afaste de ninguém.

Beijinhos a todos

Under the bridge

For all of you who feel lonely from time to time...


Angústias que aqui vos trago

O dia chega ao fim. Um fim, que de tanto esperado, devia ser recebido com alegria e alívio! Mas não, é apenas um novo recomeço. Enquanto os olhos não se fecharem, a face gentilmente colocada na almofada suave, uma torrente de coisas disputam a minha atenção. Coisas nas quais não quero pensar.

A vida repete-se de forma irónica, uma grande e perene raiz que irrompe do caminho e onde tropeço, inúmeras vezes, como num sonho perverso.

Só tenho de me transformar, é só isso! Mudar e adaptar-me, que aos outros só o seu umbigo interessa.


Novo blog!

Boa noite a todos :)

Hoje a minha mensagem é curtinha. Construí um novo blog, muito simples, cujo objectivo é a partilha de conhecimento, nomeadamente conhecimento médico mas tudo o que achem interessante e que contribua para a nossa cultura geral.

Já mandei convites e por isso toca a postar no novo blog.

Espero que gostem da ideia!

O Paradoxo da Enfermaria de Medicina

Lamento estar hoje a escrever sobre tema tão deprimente mas, bem, temos de ser coerentes com o nosso próprio humor e por isso penso que hoje seria de uma extrema hipocrisia escrever noutro tom que não este.

A verdade é que, tenho reparado, nestas horas passadas na enfermaria de Medicina, que a maioria dos doentes vai piorando à medida que o tempo passa e não o contrário. Às vezes sinto-me num daqueles filmes em que o protagonista pára no meio de um corredor e de repente tudo em volta começa a desenrolar-se em câmara lenta, as vozes imperceptíveis a arrastarem-se, os movimentos lentos e as cores meio baças. É nestes segundos que penso: o que estão estas pessoas a fazer aqui, nestas salas de morte lenta, sós entre cortinas e algálias e carrinhos de enfermagem e pessoas de bata que de forma mais ou menos banal fazem disto o seu local de trabalho.

O que estão estas pessoas a fazer em macas nos corredores, umas atrás das outras, empilhadas, sem um pingo de privacidade, as suas queixas a perderem-se no ruído de fundo, as suas almas a perderem-se no cinzento angustiante das paredes.

E quando eu semi-corri para a sala do fundo para dizer à minha doente que ia ter alta e que ia finalmente voltar para casa, ela sorriu e abraçou-me e eu juro que entendi tudo. Nos dois dias anteriores morreram duas pessoas na mesma sala e não era um dia inédito.

Neste sítio onde é suposto curar e aliviar, a morte e o sofrimento são as coisas menos inéditas.

Adeus...

E na verdade não é o medo da morte mas sim o medo de morrer...


Neverending Tese



Inacreditavelmente, contra um milhão de adversidades lideradas estoicamente pela mais íntrinseca e perigosa de todas que é a preguiça a minha tese avançou! É verdade! Já tem tabelas, está mais bem estruturada e já se parece com um documento útil para consulta e esclarecimento.

E como não deve haver post sem um propósito superior deixo-vos um site indispensável para quem anda nisto cuidados paliativos.

É um site com a assinatura do Dr. Robert Twycross, "guru" dos cuidados paliativos.

Um obrigado especial à Aninha pelo livro: e eu que não estava a querer trazê-lo comigo, que bem fiz em não cair nessa asneira!

Olá!

E meses depois aqui estou para dar mais qualquer coisa de mim e dos meus devaneios à blogosfera!

E para oferecer alguma coisa neste meu recomeço deixo aqui uma música que me inspira, e que me ajuda quando de facto me sinto "a carregar o mundo nos meus ombros"!





"Hey jude, dont make it bad.
Take a sad song and make it better.
Remember to let her into your heart,
Then you can start to make it better.

Hey jude, dont be afraid.
You were made to go out and get her.
The minute you let her under your skin,
Then you begin to make it better.

And anytime you feel the pain, hey jude, refrain,
Dont carry the world upon your shoulders.
For well you know that its a fool who plays it cool
By making his world a little colder.

Hey jude, dont let me down.
You have found her, now go and get her.
Remember to let her into your heart,
Then you can start to make it better.

So let it out and let it in, hey jude, begin,
Youre waiting for someone to perform with.
And dont you know that its just you, hey jude, youll do,
The movement you need is on your shoulder.

Hey jude, dont make it bad.
Take a sad song and make it better.
Remember to let her under your skin,
Then youll begin to make it
Better better better better better better, oh.

Na na na na na ,na na na, hey jude..."


E os Beatles têm este estranho condão de me fazer sentir comovida e feliz ao mesmo tempo, como se o mundo fosse um sítio diferente e místico!