É um facto que em breve serão muitos, tendo em conta a enormidade de vagas. No entanto, aquilo que importa saber é se serão bons.
Daquilo que se pode averiguar nas conversas de corredor na faculdade ou mesmo numa discussão mais séria sobre o tema, uma grande quantidade dos alunos de Medicina foge da Medicina Geral e Familiar como o diabo da cruz . Vive-se até um pequeno clima de pânico ao saber que metade de nós, daqui a alguns fatídicos meses, se verá colocado nesta especialidade.
Eu, talvez privilegiada por conhecer o meio por via familiar, tendo a não compreender esta repulsa dos meus colegas. Será porque não tem o prestígio da Cardiologia? Ou a recompensa monetária da Cirurgia Plástica? Será simplesmente porque os nossos "honrados" assistentes hospitalares falam da Medicina Geral e Familiar como se se tratasse de uma terrível fatalidade, um mundo de leigos e totós?
Para todos, como eu, que acham todas estas considerações subterfúgios de gente que não sabe muito bem o que anda a fazer no curso de Medicina (desculpem o radicalismo) será fácil compreender que a Medicina Geral e Familiar é, na sua essência, a mais nobre das especialidades, aquela que exige do médico a plenitude dos seus conhecimentos não só académicos com relacionais.
Questiono-me se esta forma pouco ética que os senhores doutores professores têm de se referir aos colegas de MGF tem como objectivo desmotivar todos os alunos que eventualmente terão de exerce-la como profissão até ao resto das suas vidas?
Por isso reafirmo, sabemos que os médicos de MGF num futuro próximo serão muitos, mas com esta mania colectiva de desprestigiar a profissão que garantia poderemos ter de que serão bons?