Sou aquilo que ali escrevi outro dia,
Mas perdi o papel e agora não sei
Em que dia nasci e em que dia deixei
De saber em que dia tinha nascido.
E tu que fazes? Eu estudo.
Sou dura de ouvido e intolerante.
Não sei ler lábios, nem quero.
E já não digo: deixa lá, eu espero.
Já disse que perdi o papel,
Ateei-lhe fogo quando não estava ninguém,
Deixei-o escapar pela janela aberta,
Ou qualquer desculpa que soe bem,
Nesse teu filtro de frases feitas.
E tenho só este poema de vão de escada
A mostrar-me que ainda estou aqui
Isso e a música do Zeca Afonso:
"Se ela não vier de madrugada
Outra que eu souber será para ti,
Outra que eu souber será para ti"
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