(Re)nascer

Há uns dias assisti a três partos. Nunca tinha visto uma criança nascer... nunca tinha visto ninguém em trabalho de parto. Pensei que me fosse comover, emocionar e sobressaltar perante o momento exacto do nascimento, mas a verdade é que isso não aconteceu. Vi esperança nos olhos das mães, mas não muita... Vi amor nos seus gestos, mas não tanto como esperava ver.

Estava à espera de me deparar com as emoções mais puras e mais humanas... Emoções que me fariam ter confiança no futuro. Queria ver com os meus olhos a prova incontornável de que a vida à minha volta continua, no seu curso inexorável e cíclico, independentemente de outras tristezas, de outras lágrimas, minhas ou de alguém mais. Mas naqueles minutos que ali estive nas salas de parto, ouvindo desabafos guturais de mulheres em sofrimento e o choro desesperado de bebés cinzentos não senti nada disso. Senti o sangue que lhes corria por entre as pernas, senti os pezinhos gelados dos recém-nascidos, senti a expressão de banalidade e rotina dos médicos e enfermeiros.

Saí da sala e fui até ao berçário. Lá estavam. Eram lindos! Só eu e três pequenos milagres, respirando o mesmo ar. Eles nunca saberão que ali estive mas ainda assim senti-me feliz. Um deles chorava com um vigor impressionante e refrescante. Pedi-lhe baixinho que parasse de chorar, que guardasse as lágrimas para os desgostos da vida. Ele respondeu-me com um lamento ainda mais sonoro, de revolta, de força! Com apenas alguns minutos de vida parecia querer mostrar-me qualquer coisa de extraordinário. Não vou ter a arrogância de dizer que percebi toda a verdade daquele momento mas sei que foi único e importante. Senti, mais do que nunca, que devia lutar por aquilo em que acredito. Assim farei.

açnarepsE|Escuridão

Sorriso já não pode ser o título deste texto, já não pode ser a legenda da minha fotografia nem a descrição do meu estado de espírito. É sempre triste quando a tempestade nos engole e nos projecta para um sítio escuro e assustador, especialmente quando já tivemos o privilégio de sentir a luz da felicidade no nosso rosto, nas nossas mãos e no nosso coração.
Sorrir ainda é a minha esperança e o meu maior desejo. Quero muito voltar a ser princesa da minha felicidade. Sei que errei muito mas também sei que consigo fazer mais e melhor.
A todos os que gostam de mim agradeço com toda a minha alma.

Sorriso

Depois de cada tempestade há sempre um sorriso... há sempre a descoberta, a surpresa e a recompensa. Depende de nós fazer cada momento mais feliz e cada pessoa de quem gostamos mais próxima. Sem querer aconselhar ou impor ideias escrevo aquilo que aprendi: por vezes, quando nos sentimos objecto da incompreensão do mundo inteiro, injustiçados e solitários na nossa verdade sentimo-lo porque estamos demasiado confortáveis connosco próprios, persistentemente alheados da nossa arrogância e do nosso egoísmo.