Rascunho

Não há miséria que não dê em fartura. Que não culmine num "boom" de grandes e engenhosas ideias, tão fantásticas quanto incompatíveis com os deveres quotidianos.

Mas aí está a magia de se ser um simples mortal entre tantos, uma formiga na vastidão dos terrenos humanos, caminhando célere mas autónoma num trajecto milenar. O poder de ser a gota que agita a placidez das águas, ainda que de um pequeno lago, ainda que só por uns segundos.

E quando as palavras não fazem sentido, mesmo quando as relemos ou quando tentamos enquadrá-las na "big picture"... Quando olhamos para dentro de nós, mesmo cá no fundo, e ainda assim permanecemos na ignorância da grande verdade, resta-nos o obediente teclado, a tinta fluida, os habituais e invisíveis ouvintes das desventuras desinteressantes.

E porque acreditamos nos heróis humanos de todos os dias e na pequena estrela que teima em brilhar no sopé de tudo o resto continuamos a afastar os escombros dos fracassos com as mãos nuas e calejadas, até que o sonho utópico da paz se concretize para todos.

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