Voltei porque ciclicamente alguma coisa acontece que me relembra que nada sou sem as minhas palavras, sem os meus desabafos neste cantinho que partilho convosco. Em tantos momentos aqui confidenciei os mais obscuros e profundos sentimentos, coisas que passaram e que agora são apenas textos de meia dúzia de linhas perpetuados até que o blog morra.
E há uma espécie de sensação catártica em escrever aqui, qualquer coisa mística que não encontro em mais lado nenhum e em ninguém... E agora que penso nisso... Ainda bem. Porque as pessoas vão e vêm, tomam outros rumos, desiludem-nos ou nós a elas, mas as palavras podem durar para sempre se assim o desejarmos.
Se há coisa que me acompanha desde os primórdios de mim é o desejo de escrever, agarrar na caneta (daquela forma estranha, sim) e juntar duas ou três palavras, tantas vezes baptizadas com lágrimas porque tantas vezes essas palavras eram de angústia, de desespero, de frustração.
E já estamos todos cansados de saber que a tristeza inspira a estas andanças da escrita, o coração fica apertadinho e envia cá para fora coisas tão absolutamente íntimas que às vezes nem me apercebo de as ter pensado antes de as ter escrito. E quando escrevo não espero nada, sinceramente, além de um alívio transitório das coisinhas parvas que me atormentam.
Mas hoje, não sei bem porquê, não sei se é o tempo que está claramente a mudar, as nuvens que se adensam, a chuva que ameaça cair, mas há qualquer coisa de diferente... A minha alma continua estranhamente pesada.
Talvez um destes dias me ocupe a revisitar algumas coisas que aqui escrevi no passado, num daqueles dias em que o horóscopo diz a verdade sobre o meu signo masoquista. Talvez me deite na carpete de pêlo fofo, talvez feche as cortinas, talvez cante para mim própria uma música qualquer, talvez desarrume os meus peluches de infância do gavetão e finja que ainda sou pequenina. Talvez ligue a televisão bem alto só para não ouvir os meus próprios pensamentos, talvez saia de casa e caminhe sem rumo, talvez enterre a cabeça na almofada e finja que o dia não chegou a começar.
3 comentários:
Texto extremamente inteligente. E tens, obviamente, toda a razão.
Mas as redes sociais são apenas o reflexo dos tempos que vivemos, em que as coisas andam muito mais depressa do que há 10 anos atrás...
Como todas as coisas novas, trouxe-nos muitas novas possibilidades, mas ... também novos problemas. E se calhar problemas que tão cedo não saberemos como ultrapassar. Aliás, nós é que estamos constantemente a ser ultrapassados - overwhelmed - por eles.
Ainda assim, e como bem disseste, encontram-se às vezes pessoas decentes pelas redes sociais. Não esqueças que as pessoas que trabalham contigo, as que saem contigo, as que gostas de ti... etc... são as mesmas que estão na net.
Lembro-me de começar a ter este tipo de conversas (sobre o que motivou o teu texto) quando teclava no mIRC ...
Acontece que muitas vezes viste uma pessoa 2 ou 3 vezes (ou 1!) e já tens um pedido de amizade no Facebook por isso não é bem como se só estivesses ligado às pessoas com quem te dás bem...
Outro dos problemas é o facto de as pessoas, através da internet, terem a tendência para se mostrarem como não são, usarem máscaras ainda mais difíceis de desvendar do que aquelas que já usam na sua vida quotidiana.
E, pronto, como mulher há certos perfis de outras mulheres que me perturbam (e homens...). Demonstração gratuita da imagem, e como te disse outro dia, acho que muitas vezes as pessoas nem se apercebem muito bem da mensagem que estão a passar. E quando tentam mudar as coisas já pode ser tarde porque este tipo de redes tem obviamente muita visibilidade.
o que eu estava procurando, obrigado
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