O Círculo

E a vida assim continua. E esta frase tantas vezes repetida quase perde o seu sentido de movimento e de continuidade. Estagna sobre si própria, como a monotonia dos dias, o repetitivo quotidiano de já não saber se hoje é Terça ou Quarta ou Quinta. 


E já nem é surpreendente aquele cansaço nas pernas, aquele olhar em túnel até casa, a sensação de alívio quando o colchão se afunda debaixo de nós e os olhos se fecham, por fim, no conforto primordial do quase-sono. 


Doem-me as costas de aqui estar, inclinada sobre o aquário da minha vida, as águas paradas e mornas, que não reflectem nada. Os peixinhos serpenteiam e desencontram-se no círculo vicioso das paredes, os olhos baços de não saberem o que é o mar.

 

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