Não há moinho meio caído, casa arruinada ou cerca partida que não chame a si o encanto misterioso das coisas que já não servem para nada.
Talvez queiramos descobrir o passado que ali se esconde, fazer parte de um tempo diferente do nosso, compor cenários mirabolantes e romantizados a que o crepúsculo dá uma tonalidade poética.
Talvez estejamos cansados da rotina dos prédios consecutivos, cinzentos e alinhados. Talvez estejamos cansados da previsibilidade da vida citadina, cínica, vaidosa, oca. É por isso que aquela parede de pedra semi-tombada parece um monumento à felicidade, no meio das espigas a perder de vista.
Eu gosto de coisas que já não servem para nada porque não têm a presunção de se acharem indispensáveis.
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