Inevitável

O tempo passa. Dias, meses, anos. Passa. Acontece.

Constatado esse óbvio facto resta-me a surpresa de perceber que, apesar disso, tentamos enganar-nos prendendo os momentos entre os dedos, segurando-os de forma possessiva como se assim o futuro não chegasse ou persistisse como um presente imutável ou repetitivo.

É curiosa a forma como rotulamos certos desfechos de inevitáveis e ainda assim lutamos contra eles com garras, sangue e lágrimas. Punhos cerrados contra o muro.
- É um muro, bolas! Não se moverá um milímetro perante duas mãos nuas ou uma carga de ombro. Ficará na mesma. Rígido e omnipresente, metros de betão até ao céu, impossíveis de transpor.

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