Sem título

Não há grande encanto na solidão, isso posso eu assegurar. Mesmo quando já nos habituámos a ela, quando se torna uma companhia segura e previsível de todas as manhãs e todas as noites. Ainda assim, é frio o silêncio da madrugada, os pensamentos repetidos, a tentativa de escapar a um futuro que parece escrito a ferro e fogo.

Às vezes a salvação está bem perto, à distância de um passo, de uma pequena corrida, de um suspiro, de uma palavra, de uma acção, de uma hora ou um minuto, de uma mão aberta, de um sorriso, de uma oportunidade, de um momento de tolerância.

A rotina e o preconceito fecham-se sobre nós e envolvem-nos num casulo do qual não há saída, nem transformação, nem evolução. Há que adquirir as armas certas para a libertação, não adormecer, jamais deixar-se confundir com as paredes cinzentas e sufocantes do casulo. Talvez assim haja ainda esperança de um novo dia, de uma luz, de uma abertura para o exterior.

1 comentário:

Vasco Ribeiro disse...

É preciso sempre um pouco de sorte, nesta vida que nos é sempre indiferente. Sorte para encontrar alguém que nos arranque da parede parda, do casulo que nos amarra a um destino demasiado fatalista. Mesmo assim, temos sempre que fazer a nossa parte, procurar essa sorte que nos libertará. Um beijinho.