Todo o contexto em que este domingo se avizinhava sugeria que ele iria ser assim monótono, interminável, abafado e sensaborão.
Depois de uma semana de feriados e pontes em que abusámos do absentismo, do calor opulento e dos passeios por aqui e acolá eis que o domingo seria aquele dia fatídico, véspera do trabalho, em que os deveres não cumpridos devem mesmo ser concretizados.
E ele chegou, com um estranho calor de estufa, o céu cheio de nuvens teimosas e cinzentonas que parecem lembrar-nos que esta é a última oportunidade para fazermos todas aquelas coisas que têm de estar prontas para o início da semana.
Nada pude fazer além de cumprir. Mas que tortura! Tenho quase a certeza que hoje preencho critérios para episódio depressivo major, tal é a anedonia, a lentificação e a tristeza que me preenchem desde a ponta do cabelo até aos dedinhos dos pés.
Esta interminável história clínica, aquele monte de artigos, aquele outro monte de anotadas, aqueles abomináveis testes estatísticos, e a minha cabeça de molho neste som de relato desportivo que emana da televisão da sala.
Acho que o calor fez o meu cérebro inchar e agora ele debate-se furiosamente para destruir a caixa craniana. Se eventualmente conseguir o seu objectivo, nada mais terei do que um monte de desértica areia a cobrir o chão e o tampo da mesa.
Digo-vos, perante este domingo acho que até a temida segunda-feira vai saber bem!
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