Dilúvio

Caiu aquela gota.

Sei que a ouvi, muitos andares acima do chão. A primeira gota de chuva. Aquela que anuncia o temporal, o apocalipse de água. Foi só um "pling" inocente, provavelmente caído num beiral de telhado, ou num mosaico da varanda, ou num rebordo de janela. Mas a seguir veio um dilúvio bíblico que varreu a rua de tudo (ou pelo menos era assim que eu imaginava).

Talvez a minha cabeça me estivesse a pregar partidas. Afinal é madrugada e os olhos teimam em contrariar a minha vontade. Se calhar imaginei o primeiro "pling" e os outros todos também. Se calhar se agora espreitar pela janela vão restar apenas umas míseras lagoas de água, baptizando os pneus dos carros e algumas gotas teimosas escorrendo aqui e ali.

Talvez tudo isto fosse só um pretexto para largar tudo e vir escrever, qualquer coisa sem importância que na minha mente surgisse como uma catástrofe natural que era imperativo documentar.

Infelizmente as tempestades imaginárias não levam com elas as obrigações nocturnas e não me consolam do sono, que já pesa. Se me esforçar mais um pouco talvez consiga...

2 comentários:

Ana disse...

... ao menos, essa "qualquer coisa sem importância" que tu escreves é uma coisa bastante catita! :) Talvez não tenha sido imperativo documentar essa "catástrofe natural", talvez isso não sirva como boa desculpa para teres largado tudo. Mas serviu para me deixar mais bem dispostinha, meia sorridente, portanto acho que já valeu todos os preciosos segundos que consumiu! :)

Boa sorte!

sofia disse...

Obrigado :)

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