É por isso que navegando nós por entre as ingratas vagas da vida, tantas vezes perseguindo as marés ou fugindo delas, constatamos que quando as queremos alcançar elas fogem e quando queremos escapar delas elas multiplicam-se.
Pois, elas são muito mais do que nós.
Resta saber se são todas iguais.
Depois do insucesso consumado, tendo a maré escapado airosamente ou esbarrado de forma violenta contra nós recebemos o sábio conselho, lá está, há muitas marés, não te preocupes que hão-de vir outras mais bonitas ou então, não te preocupes que as próximas marés hão-de ser mais meigas (nesta vida, há versões imaginativas para todo o tipo de infortúnios).
E assim vão e vêem, algo monótonas, as marés e suas ondas brancas e espigadas. Quando morrem limpam a areia de qualquer vestígio seu e descansam, sem medo de nunca mais serem lembradas por nenhum ente vivo neste mundo.
E, no entanto, fica em mim a recordação de ter segurado na mão a espuma do mar, de a ver desaparecer e sublimar-se das minhas mãos geladas e regressar já sem matéria ao leito do oceno. Lembro-me do toque gélido das vagas, abrupto e rude nos meus pés descalços. E elas continuavam a afastar-se furiosamente e enrolavam-se naquele infinito de água sem receio de nunca mais serem recordadas.
E, mesmo assim, eu lembro-me.
E, no entanto, fica em mim a recordação de ter segurado na mão a espuma do mar, de a ver desaparecer e sublimar-se das minhas mãos geladas e regressar já sem matéria ao leito do oceno. Lembro-me do toque gélido das vagas, abrupto e rude nos meus pés descalços. E elas continuavam a afastar-se furiosamente e enrolavam-se naquele infinito de água sem receio de nunca mais serem recordadas.
E, mesmo assim, eu lembro-me.
Sem comentários:
Enviar um comentário