Resoluções

Diz-se que as grandes resoluções para o futuro se fazem no último dia do ano:
Um punhado de passas e um punhado de desejos, tudo de uma assentada enquanto o fogo de artifício estala e os cristais colidem em felicidade conjunta.

O ano passado o fogo foi colorido e hipnotizante. Dispensei as passas. O champanhe era bom e eu estava de branco, rodeada do mundo inteiro. A meia-noite passou e eu molhei-me na água fria do oceano, o mundo inteiro ainda comigo em sinceras gargalhadas. Não me lembro de pedir absolutamente nada.
Mas devia ter pedido. Devia ter engolido as passas num trago só.
Se o tivesse feito talvez agora não olhasse para trás para ver a triste realidade: o fogo de artifício que eram faíscas tristes, o champanhe que era água da chuva, o banho de mar que era um balde de água gelada, o mundo inteiro que era uma pessoa só.

Este ano já tenho um pedido. Vou repeti-lo doze vezes, de doze formas diferentes, na minha cabeça, com ilustrações de memórias. Vou pedi-lo com fervor, como se não fosse um direito. Vou pedi-lo com humildade, como se não o merecesse. Vou pedi-lo com esperança, embora não tenha a certeza se resta alguma em mim.

Vou pedir a verdade.

Sem comentários: