Nestes dias que antecedem o final do ano vivemos todos a antecipação desse suposto grande momento das doze badaladas, doze passas e doze desejos. Conjecturamos, uns mais conscientemente do que outros, um plano para os 365 dias seguintes, toda a realização pessoal e profissional concentrada numa dúzia de sultanas engolidas à pressa.
Na verdade, nós, seres humanos, passamos a vida inteira (nas pequenas e grandes coisas) a atribuir significados místicos a coisas externas, a projectarmos o controlo das nossas vidas para objectos, momentos, coincidências para depois concluirmos, com a maturidade e a passagem dos anos, que as nossas acções e intenções efectivas são aquilo que mais importa.
À nossa volta, os problemas reais adensam-se, estão na expressão do vizinho do lado, da senhora ruiva no metro, do sem-abrigo no caminho para casa, dos doentinhos no consultório. Em última análise, que fizémos nós para tornar o dia de alguém melhor?
Agora, gratos por termos comida no prato, um sítio para dormir e um ordenado ao fim do mês, seremos capazes de ser melhores pessoas?
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