Depois de ver "O Impossível" e de constatar que o fim de semana terminou, ocupo estes últimos minutos antes do sono com breves dissertações.
Uma absurda dor de ouvidos impede-me de fazer a minha habitual catarse musical da uma da manhã e os olhos já não aguentam a leitura de meia página do meu livro de cabeceira.
Uma absurda dor de ouvidos impede-me de fazer a minha habitual catarse musical da uma da manhã e os olhos já não aguentam a leitura de meia página do meu livro de cabeceira.
Lá fora, dois ou três adolescentes gritam e pontapeiam caixotes do lixo, no estranho mas frequente vandalismo de domingo à noite. O ruído ecoa com revolta na rua deserta, como se as latas velhas, os trapos e os restos de comida espalhados na calçada trouxessem sentido àquelas vidas sem rumo.
Se ligasse a TV para ver o desfile da carpete vermelha já não me deitava tão cedo, o olhar preso às lantejoulas e reflexos coloridos de Hollywood.
Já me cansa a Grândola, e o Relvas, e o Papa, e o Gaspar, e o frio gélido, e os casacos grossos, e o desemprego, e esta estúpida dor de ouvidos. De certeza que já cansa a todos.
Fecho os olhos e lá estou eu na jangada do Pi, rodopiando à superfície do mar, num mundo em que os tigres comem peixes voadores e as suricatas dormem nas árvores.
Meia dúzia de seta luminosas apontam o caminho para o quarto e tenho que obedecer. Boa noite, mundo. Até já.
Fecho os olhos e lá estou eu na jangada do Pi, rodopiando à superfície do mar, num mundo em que os tigres comem peixes voadores e as suricatas dormem nas árvores.
Meia dúzia de seta luminosas apontam o caminho para o quarto e tenho que obedecer. Boa noite, mundo. Até já.
2 comentários:
Não sei se já lhe disse, mas escreve lindamente. Também já estou farto do Relvas. Dorme bem.
Não, nunca me tinha dito :)
Mas gosto sempre de ver aqui o naughty pink bear (faz lembrar o TED lolol).
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