Colisão

Colidimos os dois numa espiral absurda e surpreendente.

Em câmara lenta, o novelo que vinha enrolando há vários dias desvelou-se e caiu no chão, revelando a minha alma nua, num desconcertante grito gutural.

Não sei quanto tempo passou, nem sei se há mais novelos para desvendar, mas fico para já aconchegada neste espaço da minha memória, galgando etapas de reconhecimento interno, regozijando uma e outra vez com a aparição deste dia.
A manhã trará o mar e o som das ondas e talvez tudo se apague, na espuma salgada das horas, sem deixar rasto. Quem sabe, a aparição persiste e se transforma numa escadaria sem tempo, infinita, rumo à nuvem mais alta da condição humana.

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