Tango Azul
O meu manto de asas falsas:
Morto, em caixão de veludo.
O meu fino vestido de alças
Retalhado pelas traças.
A tua voz ecoando de tudo:
"Porque é que danças?"
Hihihi
Intenções
...
O dia estava mais ou menos a meio, o sol entrava através do vidro das portadas e iluminava tudo com a simplicidade de quem faz a mesma coisa dia após dia, desde sempre e para sempre.
De tal forma eram os raios de sol indolentes que nem um deles se preocupou com ela, deitada no chão de madeira clara, meio embrulhada num lençol branco, olhos abertos a fixar o vazio, mão direita entreaberta deixando antever uma folha de papel rascunhada a esferográfica.
Lá fora a praia estava deserta de gente. As gaivotas tinham invadido o areal e deixavam um rasto de pegadas cómicas na distância em que as ondas beijavam a areia. Uma delas chegou mesmo a voar de forma determinada até ao terraço amplo que as portadas separavam da sala e fixou por breves momentos o olhar no vulto imóvel. Nada de atractivo naquela cena para quem apenas anseia pela próxima refeição.
E assim ela ficou novamente só, talvez adormecida, não fossem os olhos firmemente fixos no tecto branco. O busto bronzeado aparecia debaixo do lençol imaculado, as ondas do cabelo assemelhavam-se àquelas que tantas vezes tinha visto através da janela daquela mesma casa, alguns desses cabelos colados à cara pelas lágrimas que tinha chorado antes que tudo, por fim, se acabasse.
A carta que lera minutos antes do trágico desfecho enumerava as diversas e encorajadoras intenções de alguém, intercaladas de pedidos de desculpas...
Mas, como o povo diz, "de boas intenções está o Inferno cheio"... e de boas intenções está agora, por isso mesmo, aquele coração vazio.
O dia estava mais ou menos a meio, o sol entrava através do vidro das portadas e iluminava tudo com a simplicidade de quem faz a mesma coisa dia após dia, desde sempre e para sempre.
De tal forma eram os raios de sol indolentes que nem um deles se preocupou com ela, deitada no chão de madeira clara, meio embrulhada num lençol branco, olhos abertos a fixar o vazio, mão direita entreaberta deixando antever uma folha de papel rascunhada a esferográfica.
Lá fora a praia estava deserta de gente. As gaivotas tinham invadido o areal e deixavam um rasto de pegadas cómicas na distância em que as ondas beijavam a areia. Uma delas chegou mesmo a voar de forma determinada até ao terraço amplo que as portadas separavam da sala e fixou por breves momentos o olhar no vulto imóvel. Nada de atractivo naquela cena para quem apenas anseia pela próxima refeição.
E assim ela ficou novamente só, talvez adormecida, não fossem os olhos firmemente fixos no tecto branco. O busto bronzeado aparecia debaixo do lençol imaculado, as ondas do cabelo assemelhavam-se àquelas que tantas vezes tinha visto através da janela daquela mesma casa, alguns desses cabelos colados à cara pelas lágrimas que tinha chorado antes que tudo, por fim, se acabasse.
A carta que lera minutos antes do trágico desfecho enumerava as diversas e encorajadoras intenções de alguém, intercaladas de pedidos de desculpas...
Mas, como o povo diz, "de boas intenções está o Inferno cheio"... e de boas intenções está agora, por isso mesmo, aquele coração vazio.
Ainda aqui está...
Hoje tive um sonho. Um pesadelo. Tantas vezes repetido que quase nem preciso adormecer para sentir o calafrio, a angústia, a profunda e antiga solidão.
Tantas coisas mudam, mas cá dentro outras tantas ficam. Submersas, à espera que a consciência as deixe escapar num momento de maior fraqueza. Um medo que se confirma, que se confirmou, que se estabeleceu perene no meu imaginário, de tal forma que sempre que fecho os olhos a possibilidade de o reviver fica a pairar, como um fantasma, sobre a minha cabeça. Eu ouvi tantas coisas, tantas coisas... E eram todas mentiras.
Só essa verdade ficou, colada ao interior das minhas pálpebras, para sempre.
Tantas coisas mudam, mas cá dentro outras tantas ficam. Submersas, à espera que a consciência as deixe escapar num momento de maior fraqueza. Um medo que se confirma, que se confirmou, que se estabeleceu perene no meu imaginário, de tal forma que sempre que fecho os olhos a possibilidade de o reviver fica a pairar, como um fantasma, sobre a minha cabeça. Eu ouvi tantas coisas, tantas coisas... E eram todas mentiras.
Só essa verdade ficou, colada ao interior das minhas pálpebras, para sempre.
O plano inclinado
Dormem ambos. As respirações pesadas ecoam na sala silenciosa.
Eu tento concentrar-me no som soberano dos meus pensamentos mas não é fácil.
O duplo efeito, o duplo efeito, o duplo efeito... (ronco)... quando aquilo que queremos é minorar o sofrimento mas para tal abraçamos o risco de que aquela vida termine ali, no acto da sedação.
...(sol lá fora, cansaço acumulado)...
O plano inclinado, o plano inclinado, o plano inclinado... (genérico do CSI em fundo)... quando uma decisão pode conduzir a outra e a outra e a outra, até que quando damos por isso escorregámos pelo plano abaixo e aqui estamos, irremediavelmente sentados no chão frio.
O meu plano inclinado é outro agora... (novo ronco)... quando me permiti passar da mesa de estudo ao cadeirão da sala e agora tenho uma vontade imensa de me estender na cama... seriam só uns minutos... mas depois seriam umas horas... mas depois seria uma tarde inteira!
...(respiração profunda)...
Tenho um livro para ler. Expectativas a cumprir. Alguém pare o tempo, por favor.
Eu tento concentrar-me no som soberano dos meus pensamentos mas não é fácil.
O duplo efeito, o duplo efeito, o duplo efeito... (ronco)... quando aquilo que queremos é minorar o sofrimento mas para tal abraçamos o risco de que aquela vida termine ali, no acto da sedação.
...(sol lá fora, cansaço acumulado)...
O plano inclinado, o plano inclinado, o plano inclinado... (genérico do CSI em fundo)... quando uma decisão pode conduzir a outra e a outra e a outra, até que quando damos por isso escorregámos pelo plano abaixo e aqui estamos, irremediavelmente sentados no chão frio.
O meu plano inclinado é outro agora... (novo ronco)... quando me permiti passar da mesa de estudo ao cadeirão da sala e agora tenho uma vontade imensa de me estender na cama... seriam só uns minutos... mas depois seriam umas horas... mas depois seria uma tarde inteira!
...(respiração profunda)...
Tenho um livro para ler. Expectativas a cumprir. Alguém pare o tempo, por favor.
O que podia ter sido
Às vezes não entendo o que ela procura.
Naquela noite despediu-se de todos mesmo sabendo que a madrugada a encontraria ainda desperta. Agarrou o tecido grosseiro com uma força que nunca pensou ter e concentrou-se em colocar toda a raiva na ponta dos dedos, nos ásperos fios de lã grossa, até que as articulações gritassem de dor. Não importava. Desde que a dor física fosse superior às dúvidas que a assolavam, ao sabor amargo da frustração, à necessidade dolorosa de se manter firme e sorridente frente a todos ainda que por dentro uma chama recente a consumisse sem remorsos.
Não verteu uma lágrima. O impacto das coisas nunca ditas era muito mais profundo e visceral do que isso. Se alguém estivesse acordado àquela hora tardia tê-la-ia visto caminhar até à porta de correr e sair para o frio gélido com a convicção inabalável das almas que sofrem. Teria sem dúvida admirado o seu vulto curvilíneo e frágil recortado nas luzes amarelas e tristes dos candeeiros da rua. Ter-se-ia questionado sobre quem seria aquela bela e decadente criatura e o que faria envergando uma camisa de dormir de Verão na madrugada fria. Ter-se-iam escrito lindos poemas sobre a forma como se movia descalça na calçada irregular. Se alguém algum dia a tivesse visto.
Sentia as mãos latejantes de dor mas segurava ainda, de forma relutante, o pedaço de tecido rude e escuro. Por fim, cedendo à incómoda descida de temperatura, embrulhou-se nele como num velho amigo e deixou que o calor lhe aliviasse a penosa caminhada.
Chegada à zona mais sombria da rua olhou em volta, sem medo daquilo que ia encontrar. O vulto acenou-lhe com um gesto rápido mas determinado, uma das mãos apoiada na ombreira da porta e a outra equilibrando entre os dedos um cigarro quase extinto. Ela aproximou-se e abraçou-o, afastando-se depois um pouco para respirar o ar frio da noite. O fumo do tabaco ainda a incomodava.
Ela sabia bem que ele ia passar a noite naquele degrau gelado e por isso estendeu o pedaço de tecido no chão com a doçura com que estenderia um lençol de seda. Os ombros nus tremeram por estarem de novo descobertos e vulneráveis. Deitou-se, sempre em silêncio, e esperou pacientemente que ele terminasse o cigarro.
Alguns minutos depois ele sentou-se no degrau, aconchegando entre as suas mãos calejadas os pés descalços dela e perguntou numa voz que quase se sumiu com o vento
"Hoje vieste dormir com o mendigo?"
"Não" - respondeu ela num sorriso triste - "Hoje vim dormir contigo."
Naquela noite despediu-se de todos mesmo sabendo que a madrugada a encontraria ainda desperta. Agarrou o tecido grosseiro com uma força que nunca pensou ter e concentrou-se em colocar toda a raiva na ponta dos dedos, nos ásperos fios de lã grossa, até que as articulações gritassem de dor. Não importava. Desde que a dor física fosse superior às dúvidas que a assolavam, ao sabor amargo da frustração, à necessidade dolorosa de se manter firme e sorridente frente a todos ainda que por dentro uma chama recente a consumisse sem remorsos.
Não verteu uma lágrima. O impacto das coisas nunca ditas era muito mais profundo e visceral do que isso. Se alguém estivesse acordado àquela hora tardia tê-la-ia visto caminhar até à porta de correr e sair para o frio gélido com a convicção inabalável das almas que sofrem. Teria sem dúvida admirado o seu vulto curvilíneo e frágil recortado nas luzes amarelas e tristes dos candeeiros da rua. Ter-se-ia questionado sobre quem seria aquela bela e decadente criatura e o que faria envergando uma camisa de dormir de Verão na madrugada fria. Ter-se-iam escrito lindos poemas sobre a forma como se movia descalça na calçada irregular. Se alguém algum dia a tivesse visto.
Sentia as mãos latejantes de dor mas segurava ainda, de forma relutante, o pedaço de tecido rude e escuro. Por fim, cedendo à incómoda descida de temperatura, embrulhou-se nele como num velho amigo e deixou que o calor lhe aliviasse a penosa caminhada.
Chegada à zona mais sombria da rua olhou em volta, sem medo daquilo que ia encontrar. O vulto acenou-lhe com um gesto rápido mas determinado, uma das mãos apoiada na ombreira da porta e a outra equilibrando entre os dedos um cigarro quase extinto. Ela aproximou-se e abraçou-o, afastando-se depois um pouco para respirar o ar frio da noite. O fumo do tabaco ainda a incomodava.
Ela sabia bem que ele ia passar a noite naquele degrau gelado e por isso estendeu o pedaço de tecido no chão com a doçura com que estenderia um lençol de seda. Os ombros nus tremeram por estarem de novo descobertos e vulneráveis. Deitou-se, sempre em silêncio, e esperou pacientemente que ele terminasse o cigarro.
Alguns minutos depois ele sentou-se no degrau, aconchegando entre as suas mãos calejadas os pés descalços dela e perguntou numa voz que quase se sumiu com o vento
"Hoje vieste dormir com o mendigo?"
"Não" - respondeu ela num sorriso triste - "Hoje vim dormir contigo."
Quem tem medo do Lobo Mau?
O Lobo Mau toma várias formas, tem várias máscaras, movimenta-se entre nós como um nativo e é até capaz de algumas atitudes de simpatia para melhor se integrar nas actividades do quotidiano.
Deixou-se já daquele hábito de soprar as casas de leitõezinhos ou de tentar ingerir avós indefesas e optou agora pelo terrorismo psicológico, pela competição desleal e pelas intrigas de bastidores.
Eu pessoalmente não tenho medo do Lobo Mau mas a sua existência preocupa-me, repugna-me e revolta-me. E perturbam-me também aqueles que lhe fazem cinicamente festinhas no pêlo só para não levarem uma dentada.
E, assim, todos os dias ele lá está, encostado a uma parede, sentado a uma secretária, no bloco operatório, na consulta, na enfermaria, no café da esquina, no supermercado, rosnando para o lado sempre que lhe cheira a Capuchinho Vermelho.
Já começa a ser altura de arranjar uma caçadeira...
Deixou-se já daquele hábito de soprar as casas de leitõezinhos ou de tentar ingerir avós indefesas e optou agora pelo terrorismo psicológico, pela competição desleal e pelas intrigas de bastidores.
Eu pessoalmente não tenho medo do Lobo Mau mas a sua existência preocupa-me, repugna-me e revolta-me. E perturbam-me também aqueles que lhe fazem cinicamente festinhas no pêlo só para não levarem uma dentada.
E, assim, todos os dias ele lá está, encostado a uma parede, sentado a uma secretária, no bloco operatório, na consulta, na enfermaria, no café da esquina, no supermercado, rosnando para o lado sempre que lhe cheira a Capuchinho Vermelho.
Já começa a ser altura de arranjar uma caçadeira...
Até amanhã
Luz vermelha do semáforo,
Beijo rápido antes da paragem final,
Curto pico de adrenalina
E o motor volta a romper o silêncio.
Gosto da estrada assim vazia,
Do contraste com este espaço cheio.
Do perfume familiar que envolve tudo
E que em escassos minutos
Dorme apenas nas mãos nostálgicas.
Gosto dos meus dedos nos teus,
Mesmo quando não se tocam
E apenas se imaginam com o fervor
Das coisas que quase se pertencem.
O vestido ondula quando saio, enfim
Sem testemunhas do beijo que já foi.
Repito os passos de outras noites
E adormeço os sentidos. Até amanhã.
Beijo rápido antes da paragem final,
Curto pico de adrenalina
E o motor volta a romper o silêncio.
Gosto da estrada assim vazia,
Do contraste com este espaço cheio.
Do perfume familiar que envolve tudo
E que em escassos minutos
Dorme apenas nas mãos nostálgicas.
Gosto dos meus dedos nos teus,
Mesmo quando não se tocam
E apenas se imaginam com o fervor
Das coisas que quase se pertencem.
O vestido ondula quando saio, enfim
Sem testemunhas do beijo que já foi.
Repito os passos de outras noites
E adormeço os sentidos. Até amanhã.
Não brinquem comigo!
"Não brinquem comigo!..."
Juro que esta é uma das frases que mais frequentemente me assoma os lábios já depois de ter bombardeado persistentemente os meus pensamentos. Um dia hei-de conseguir entender porque razão a maior parte das pessoas encara com tranquilidade e com auto-condescendência os seus próprios erros.
Errar é humano.
Achar que a partir do momento em que os erros dos outros passam a ser os nossos deixam de ser tão graves e passam a ser admissíveis é egoísmo e fraqueza de espírito.
Aprender com os erros não significa deixar de os considerar erros.
Juro que esta é uma das frases que mais frequentemente me assoma os lábios já depois de ter bombardeado persistentemente os meus pensamentos. Um dia hei-de conseguir entender porque razão a maior parte das pessoas encara com tranquilidade e com auto-condescendência os seus próprios erros.
Errar é humano.
Achar que a partir do momento em que os erros dos outros passam a ser os nossos deixam de ser tão graves e passam a ser admissíveis é egoísmo e fraqueza de espírito.
Aprender com os erros não significa deixar de os considerar erros.
Esta manhã encontrei o teu nome nos meus sonhos
"Esta manhã encontrei o teu nome nos meus sonhos
e o teu perfume a transpirar na minha pele. E o corpo
doeu-me onde antes os teus dedos foram aves
de verão e a tua boca deixou um rasto de canções.
No abrigo da noite, soubeste ser o vento na minha
camisola; e eu despi-a para ti, a dar-te um coração
que era o resto da vida - como um peixe respira
na rede mais exausta. Nem mesmo à despedida
Foram os gestos contundentes: tudo o que vem de ti
é um poema. Contudo, ao acordar, a solidão sulcara
um vale nos cobertores e o meu corpo era de novo
um trilho abandonado na paisagem. Sentei-me na cama
E repeti devagar o teu nome, o nome dos meus sonhos,
mas as sílabas caíam no fim das palavras, a dor esgota
as forças, são frios os batentes nas portas da manhã."
Maria do Rosário Pedreira
e o teu perfume a transpirar na minha pele. E o corpo
doeu-me onde antes os teus dedos foram aves
de verão e a tua boca deixou um rasto de canções.
No abrigo da noite, soubeste ser o vento na minha
camisola; e eu despi-a para ti, a dar-te um coração
que era o resto da vida - como um peixe respira
na rede mais exausta. Nem mesmo à despedida
Foram os gestos contundentes: tudo o que vem de ti
é um poema. Contudo, ao acordar, a solidão sulcara
um vale nos cobertores e o meu corpo era de novo
um trilho abandonado na paisagem. Sentei-me na cama
E repeti devagar o teu nome, o nome dos meus sonhos,
mas as sílabas caíam no fim das palavras, a dor esgota
as forças, são frios os batentes nas portas da manhã."
Maria do Rosário Pedreira
Aparição
"Calou-se enfim. Uma beleza demoníaca, como de uma criança assassina, fulgurava-lhe nos olhos líquidos, na face branca, na boca ávida e sangrenta. E um apelo de uma união trágica e blasfema subiu-me pelo corpo como um grito estriado, uma raiva distorcida com longos olhos chorando... Então, quase serenamente, tomei Sofia nos braços e ambos nos sentimos perdidos de aflição como no último amor de dois condenados à morte."
Aparição, Vergílio Ferreira
Aparição, Vergílio Ferreira
Sentir
(...)
"people you've been before that you don't want around anymore
that push and shove and won't bend to your will
I'll keep them still"
(...)
Sentir é a melhor coisa do mundo...
"people you've been before that you don't want around anymore
that push and shove and won't bend to your will
I'll keep them still"
(...)
Sentir é a melhor coisa do mundo...
Sexta-feira
Chego... A roupa pesa e o calor também... Sonho com um duche morno, longo, sem preocupações. Sextas-feiras como esta são traiçoeiras. Iludem-nos com promessas luminosas de um fim-de-semana sem restrições, sem deveres, sem tristezas.
Percorro o curto caminho até à minha mesa de trabalho, abro a pasta das músicas e deixo-me envolver pelo mel das palavras cantadas, que me sabem a beijos... A súbita e provocadora alegria é intercalada por um momento agridoce: recordo a mensagem, a ideia que a precedeu, aquela conhecida insegurança onde eu teimo em tropeçar. Esforço-me por mudar de direcção, agarrar novamente a melodia e a sensação de areia fina a percorrer o meu corpo.
Liberto-me das amarras da indumentária desse dia, abro o gavetão com displicência e escolho qualquer coisa confortável. Gosto da sensação do algodão fresco na pele! Rodopio com as borboletas e o cor-de-rosa da t-shirt larga que acabei de vestir e deixo-me desfalecer na colcha suave.
Percorro o curto caminho até à minha mesa de trabalho, abro a pasta das músicas e deixo-me envolver pelo mel das palavras cantadas, que me sabem a beijos... A súbita e provocadora alegria é intercalada por um momento agridoce: recordo a mensagem, a ideia que a precedeu, aquela conhecida insegurança onde eu teimo em tropeçar. Esforço-me por mudar de direcção, agarrar novamente a melodia e a sensação de areia fina a percorrer o meu corpo.
Liberto-me das amarras da indumentária desse dia, abro o gavetão com displicência e escolho qualquer coisa confortável. Gosto da sensação do algodão fresco na pele! Rodopio com as borboletas e o cor-de-rosa da t-shirt larga que acabei de vestir e deixo-me desfalecer na colcha suave.
Qualquer coisa que me apeteceu escrever hoje
Começo por dizer que estou exausta, mas aquele cansaço bom de quem deu tudo o que tinha e um bocadinho do que não tinha e conseguiu cumprir um objectivo.
Esta introdução serve apenas como desculpa antecipada caso as conjecturas, confissões ou palpites seguidamente apresentados forem totalmente desprovidos de sentido.
Estando as desculpas pedidas posso agora dedicar-me a enumerar uma série de factos fúteis e sem qualquer esboço de ligação entre eles que decidi transformar num post simplesmente porque ainda estou incapaz de pegar na apresentação da tese mas simultaneamente não quero ceder já ao cobrador insistente que não pára de me informar que tenho uma dívida de sono avultada.
Hoje os aparelhos electrónicos estão contra mim. Internem-me compulsivamente se quiserem, mas há uma conspiração qualquer destas maquinetas todas contra a minha pessoa: o telemóvel por alguma razão deixou de aceder à Internet, o leitor de mp3 não lê as músicas que eu queria desesperadamente passar a partir do portátil e o computador começou a bombardear-me com janelinhas que eu não consigo fechar. Portanto, todos deixaram de fazer aquilo que fazem habitualmente e que é da sua responsabilidade. Logo, aquilo que eu devia fazer em protesto era exactamente o mesmo, sentar-me ali no sofá, imbuir-me de todo o tédio e preguiça que fosse capaz, ignorar que tenho milhares de tarefas a cumprir e ficar assim, como os lírios do campo, parada à espera de sentir a rotação do Planeta.
Mas não, aqui estou, num esforço hercúleo, a entupir com mais um post um blogue já saturado de posts, que por sua vez se inclui num sítio já saturado de blogues, que por sua vez corresponde a um dos biliões de sítios onde alminhas como a minha navegam todos os dias... e onde alminhas como as vossas lêem textos caóticos como este.
Esta introdução serve apenas como desculpa antecipada caso as conjecturas, confissões ou palpites seguidamente apresentados forem totalmente desprovidos de sentido.
Estando as desculpas pedidas posso agora dedicar-me a enumerar uma série de factos fúteis e sem qualquer esboço de ligação entre eles que decidi transformar num post simplesmente porque ainda estou incapaz de pegar na apresentação da tese mas simultaneamente não quero ceder já ao cobrador insistente que não pára de me informar que tenho uma dívida de sono avultada.
Hoje os aparelhos electrónicos estão contra mim. Internem-me compulsivamente se quiserem, mas há uma conspiração qualquer destas maquinetas todas contra a minha pessoa: o telemóvel por alguma razão deixou de aceder à Internet, o leitor de mp3 não lê as músicas que eu queria desesperadamente passar a partir do portátil e o computador começou a bombardear-me com janelinhas que eu não consigo fechar. Portanto, todos deixaram de fazer aquilo que fazem habitualmente e que é da sua responsabilidade. Logo, aquilo que eu devia fazer em protesto era exactamente o mesmo, sentar-me ali no sofá, imbuir-me de todo o tédio e preguiça que fosse capaz, ignorar que tenho milhares de tarefas a cumprir e ficar assim, como os lírios do campo, parada à espera de sentir a rotação do Planeta.
Mas não, aqui estou, num esforço hercúleo, a entupir com mais um post um blogue já saturado de posts, que por sua vez se inclui num sítio já saturado de blogues, que por sua vez corresponde a um dos biliões de sítios onde alminhas como a minha navegam todos os dias... e onde alminhas como as vossas lêem textos caóticos como este.
Subscrever:
Mensagens (Atom)