Sexta-feira

Chego... A roupa pesa e o calor também... Sonho com um duche morno, longo, sem preocupações. Sextas-feiras como esta são traiçoeiras. Iludem-nos com promessas luminosas de um fim-de-semana sem restrições, sem deveres, sem tristezas.

Percorro o curto caminho até à minha mesa de trabalho, abro a pasta das músicas e deixo-me envolver pelo mel das palavras cantadas, que me sabem a beijos... A súbita e provocadora alegria é intercalada por um momento agridoce: recordo a mensagem, a ideia que a precedeu, aquela conhecida insegurança onde eu teimo em tropeçar. Esforço-me por mudar de direcção, agarrar novamente a melodia e a sensação de areia fina a percorrer o meu corpo.

Liberto-me das amarras da indumentária desse dia, abro o gavetão com displicência e escolho qualquer coisa confortável. Gosto da sensação do algodão fresco na pele! Rodopio com as borboletas e o cor-de-rosa da t-shirt larga que acabei de vestir e deixo-me desfalecer na colcha suave.

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