Bonequinha

Chegou a noite e eu sentei-me a escrever. Um leve tom de melancolia ameaçou povoar as minhas frases, como se durante este longo dia tivesse gasto todos os meus sorrisos e o meu bom humor. Revejo-me na sofia de bata que fui durante a manhã, correndo e dando abraços, ansiosa por conquistar este mundo e o outro. Por vezes um sorriso sonhador, o olhar perdido entre uma nuvem cor-de-rosa e um pensamento impossível de concretizar.
Agora estou aqui sentada e demoro-me a pensar... Onde está a minha bonequinha de pano? A minha bonequinha de estrelas e de magia e de incenso? A bonequinha que tem o meu abraço e que interpreta o sonho no reflexo dos meus olhos? Estou triste porque a deixei sozinha num banco de jardim, entre as camélias e os malmequeres brancos, não me esqueci mas também não me lembrei, e ela chorou uma lágrima pequenina. E agora aqui estou, com uma pétala de flor cravejada no meu peito, a tricotar um vestido de purpurina e pirilampos para que ela me perdoe!

1 comentário:

Sandra disse...

De dia, bonequinhas brincam entre si, correndo alegremente pelo mundo em busca de um sorriso mais. Vivem como crianças felizes que procuram ser, para poderem sonhar um pouco mais…só um pouco mais…

Quando a noite cai, cai negra, com todos os fantasmas que procuraram ignorar. Elas lutam, contorcem-se para se libertarem…para que estes não se apoderem delas…Mas sós nada conseguem fazer… Sós, jamais conseguirão…

Eis que se unem…Juntas criam pontes, fortalecem muralhas, olham para o horizonte. Juntas aprendem e pretendem crescer :)