Já era tempo da inspiração vir embrulhada numa embalagem cor-de-rosa com corações, assim mesmo exuberante, palpitante, quase a tocar os limites da histeria.
Empanturrei-me de chocolate e, numa espécie de transe de endorfinas, tudo o que aconteceu a seguir me acelerou para este texto de felicidade irritante. Queiram, por isso, perdoar-me caso não tenham encontrado até agora, neste texto, qualquer esboço de fio que vos permita levar esta meada a bom termo... Deixem-na cair, desenrolar-se anarquicamente no tapete felpudo, acidentar-se nas patas astutas do gato ou esgotar-se na parede do fundo depois da sua viagem de coisa redonda que rebola.
Eu não estou preocupada. Cada vez que carrego numa tecla e dou um pontapé no novelo de ideias que tinha no início esboça-se cá dentro um sorriso e por isso continuo, toc toc toc, a teclar insistentemente, já o novelo se desfiou todo e eu ainda não sei o que vai sair daqui, se é camisola, ou casaco, ou pullover...
E quer-me parecer que há um qualquer sentido místico nesta escrita inconsequente que me permite ir trauteando qualquer coisa ao pé coxinho até à cama e adormecer com a sensação de que o mundo me abençoou há uns 9 meses, mais coisa menos coisa, e nasce agora a criança sob a forma deste shot de esperança verde-alface.
Tenho escrito!