Sondagem: toca a responder
Comecemos com uma questão light adequada à quadra natalícia.
Pródromo
Talvez seja esta preguiça de férias que me faz parar no tempo e no espaço, negligenciando algumas pequeninas coisas que, usualmente, fazem parte do meu dia a dia.
Estou numa fase tonta em que as pessoas me entediam com o seu consumismo desenfreado, a sua impaciência e a sua falta de tacto. Estou naquele interregno social em que consulto essencialmente o sofá, a almofada e um livro ou outro para me confortar das vicissitudes da vida.
É talvez aquele pródromo de final de ano em que pesamos os momentos passados na balança deturpadora do Superego e alinhavamos com cuidado e maior ou menor realismo os projectos para o futuro.
O certo é que é urgente algum dinamismo senão acabarei eventualmente por me afundar neste profundo tédio intelectual, enfeitado ainda com luzinhas coloridas e gorros vermelhos, enroscado na poltrona com a camisolinha nova, deliciando-se com um dos trezentos doces disponíveis e trauteando o "Jingle Bells".
A todos
Eu gostava...
Eu gostava de não estar constipada, de não ter dores de cabeça e de sentir algum conforto interior pelo simples facto de ter o aquecimento ligado e um monte de mantas à disposição...
Eu gostava de ter aquela capacidade rara de memorizar tudo aquilo em que coloco os olhos, independentemente da hora do dia ou da noite...
Eu gostava de acreditar em momentos de inspiração que, mesmo na mais negra das ignorâncias, me permitissem saber a resposta certa no momento exacto...
Eu gostava que hoje já fosse amanhã e que, no fundinho da minha alma, já me sentisse de férias.
A minha mensagem de Natal
Triste, percorro a minha memória
Em busca do erro que me fez explodir.
Revejo a conduta alheia, as injustas frases
Todos aqueles olhos vazios e desinteressados.
Não caiam nessa armadilha infame
De elevar aos píncaros o próprio umbigo.
Se dar as mãos já não significa nada
Enterrem a cabeça na areia e não contem comigo.
Olhos vazios reflectem e não amam,
Reflectem e não se projectam além do óbvio.
Essa imagem distorcida de si,
Que se acomoda na hierarquia a milhas de tudo o resto.
Sem remorsos, imune ao protesto.
Como se confiar fosse a fraqueza dos tontos,
Daqueles que chegam a casa e escrevem poemas.
Dói-me a cabeça mas escrevo, não me apetece mas escrevo
Tenho mil tarefas por cumprir, mas escrevo
Gostava de estar noutro sítio, mas escrevo.
Escrevo porque ainda não perdi a esperança.
Este barrete gigante onde, no fundo, todos cabemos
É vermelho-vivo e pisca, acreditem.
A disponibilidade dos outros não é uma superfície macia
Onde apoio tranquilamente as mãos para fazer salto ao eixo.
O compromisso não é uma pluma leve,
Que o vento do capricho leva para onde lhe aprouver.
As más desculpas deixam um negríssimo rasto de fumo
Muito difícil de engolir mas muito fácil de ver.
Perdoem a minha sinceridade.
Não me excluo de nada do que escrevi.
Quando a minha voz se elevar pelos degraus de gente
Gostava de sentir que falo por todos.
Intermitências
Imparável, como se desesperasse por chegar ao fim. Atrasado para chegar a amanhã, empurrando os ponteiros com força em direcção ao futuro.
No metro cruzamo-nos todos, enquanto corremos lado a lado com o avançar das horas, temendo tropeçar uns nos outros ou em nós próprios.
Em lado algum como ali a vida é uma sucessão de acções, seguidas das inevitáveis reacções. Nada é estático. Num segundo, dezenas de vidas numa meia dúzia de metros quadrados.
Tudo é causa e efeito de alguma coisa.
Desafio à tolerância. Afogados na pressa, disparamos palavras duras. No desespero de chegar mais rápido pisamos, empurramos, afastamos, praguejamos.
Dói-me a cabeça. Fotofobia de ter-me sentido também eu intolerante. Pequenina marioneta do tempo expedito e arrogante.
Agora tenho sofá e manta quente.
Natal
Template Novo... Caput!!
Mas pronto, como nisto dos blogues o conteúdo é mais importante do que a forma, regressei ao template antigo até que outro me seduza ao ponto de dedicar mais umas horinhas ao estudo (tipo tentativa e erro :p) do código-fonte.
Aceitam-se sugestões de templates, para aqueles já mais habituados a estas andanças da blogosfera!
Coisas da vida
Silêncio das estrelas
by William Hood
Esse ruído!!! Esse ruído que não sei descrever e que me perturba. Quero ver a magia lá fora e não consigo.
Quando chegares a casa e vires as estrelas, que a mil anos-luz daqui já morreram e já são cinza de astro celeste, diz-me qualquer coisa. Pode ser que assim se faça silêncio.
Duplas no mínimo... estranhas!
Viana
Sinto falta do teu abraço quente, de saber-te aqui perto, numa telepatia de coisas proibidas e harmoniosas. Quero o sorriso de dois lábios encostadinhos, a tua mão morna de afecto, a dança invisível das nossas expectativas.
Onde tu estás põe-se o sol nas curtas encostas, atrás das árvores altas e das hélices brancas. Onde tu estás correm os animaizinhos pela vastidão dos terrenos, cantam os pássaros nas janelas abertas e respira-se o ar fresco de um quase Inverno.
Onde eu estou vejo isso nos sonhos, antecipo-te nas horas vagas e nas outras todas. Onde eu estou há um vazio de qualquer coisa preciosa e essencial, complexo mundo cheio de coisas mas tão incompleto com a tua ausência.
Quando regressas instala-se a trégua no caos universal. A relatividade relativa das mecânicas coisas da Natureza colapsa e o tempo pára. A noite eleva-se a um nível que os olhos humanos não vêm e que as almas solitárias não adivinham. Os segundos terrestres são os nossos dias de felicidade explosiva, em que os sentimentos se fundem num conceito que não pode ser pronunciado ou escrito.
Vestígios de nós escrevem uma enciclopédia imaterial e eterna, onde o derradeiro significado das coisas se resume a este abraço infinito.
Todos lêem, ninguém compreende.
Permanece a doce ansiedade do teu regresso. Saudade não nostálgica de ter-te aqui. Certeza de amar-te muito além das léguas que nos separam.
Diagnóstico diferencial
vespertina e incapacitante
acompanhada de náuseas e sonolência
odinofagia matinal
...façam as vossas apostas!
Desintegração
"... I'm a million different people..."
Quando caminho entre as pequenas multidões de Lisboa, quando recebo elogios ou críticas, quando seguro a mão de alguém, quando quase enlouqueço com trabalho, quando me espreguiço nos pequeninos momentos de ócio, quando adormeço em cima do livro, quando pedalo na bicicleta do ginásio, quando sublinho a amarelo-fluorescente, quando danço na rua ao som de nada, quando sou abraçada com fervor, quando escrevo no meu blog...
Oceano
by David Clapp
...onde tu surges da água prateada para me inspirar,
ZzzzZzzzz
This sad bolt
18
Partícula de nada num mundo cheio de coisas
Algo se modifica, em câmara lenta, como a rotação da Terra ou o desabrochar de uma flor.
Ao fim do dia está já tão diferente do que era... E eu sinto então que cresci.
Sinto-me um gigante das emoções e das descobertas e ao mesmo tempo um pedaço de coisa nenhuma, na pequenez de quem vê pela primeira vez o mar ou sente o sabor de um beijo inesperado.
Fechem os olhos e ouçam...
Love of my life,
You've hurt me,
You've broken my heart,
and now you leave me.
Love of my life can't you see?
Bring it back, bring it back,
Don't take it away from me,
Because you don't know what it means to me.
Love of my life don't leave me,
You've stolen my love and now desert me,
Love of my life can't you see?
Bring it back, bring it back,
Don't take it away from me,
Because you don't know what it means to me
You will remember when this has blown over,
And everything's all by the way,
When I grow older,
I will be there at your side,
To remind you how I still love you
I still love you
Hurry back, hurry back,
Please bring it back home to me,
Because you don't know what it means to me
Love of my life.
Love of my life...
Boa noite
Ouço-a baixinho quando encosto o ouvido ao chão.
O frio da madeira envernizada debaixo de mim. O caos laranja. Uma vasta gama de manchas negras e brancas quando fecho e abro os olhos com força. Uma espiral de tonturas quando tento erguer a cabeça alguns centímetros acima do solo. Estou ébria de cansaço e expectativas mortas.
Pendurei os meus sonhos num cabide qualquer.
Volto a vesti-los amanhã, depois da curta noite.
A distância até à cama repugna-me e entristece-me.
Faço da minha ingenuidade almofada.
Boa noite a todos.
O blog Através do Espelho tem o prazer de apresentar...
Conheça o seu mundo!
Hoje dedicada a um misterioso país asiático que só por mero acaso não é o berço de nossa mui adorada Silverdrop :p
- Bangladesh -
- País asiático rodeado quase por inteiro pela Índia, excepto a sueste, onde tem uma pequena fronteira terrestre com Myanmar, e a sul, onde tem litoral no Golfo de Bengala. Capital: Daca.
- Idioma oficial: Bengali
Religião maioritária: Islamismo - O Bangladesh é o país com maior densidade populacional no mundo, apresentando aproximadamente 926 pessoas por km²!!
- O encantamento de serpentes é uma prática comum nas ruas do Bangladesh. Na verdade, as cobras são surdas aos sons envolventes mas sentem as vibrações do solo. A flauta do encantador seduz a cobra pela sua forma e movimentos, e não pela música que emite.
- Os Baul, trovadores místicos, constituem ícones culturais no Bangladesh. A música Baul celebra o amor celestial, mas fá-lo em termos bem terrenos, como as declarações de amor do bAul para sua boshTomi ou alma-gêmea.
- Aqui fica uma canção Baul muito conhecida (no Bangladesh, claro):
AmAr prANer mAnuSh Achhe prANetAi heri tAye sakal-khAneAchhe se nayan-tArAy, Alok dhArAytAre nA hArAyeogo tAi heri tAye JethAye sethAye tAkA-i Ami Jedik pAne
A fantástica tradução: O homem do meu coração vive dentro de mim. É por isso que vejo ele em todo lugar. No fitar de meu olho, em um brilho de luz. Ó eu nunca posso perdê-lo. Aqui, lá, em todo lugar. Por onde eu olhar, ele está bem lá para mim.
Qualquer coisa...
Uma dor de cabeça lancinante,
Pedaços de qualquer coisa inesquecível.
Auto-retrato desbotado e distante
Um estúpido tremor invisível.
Paradoxal vontade de adormecer,
Querer estar contigo e não poder...
Um abraço sem matéria,
Que me faz esquecer de mim...
Nem eu entendo, acreditem!
Estamos no início ou no fim?
Nuvem negra
reviver cada pequeno detalhe,
desmontar o conteúdo e a forma,
reinterpretar todas aquelas palavras
grotescamente pronunciadas.
A humilhação se sermos vistos
como não somos...
E tropeçar em obstáculos
que não fazem sentido.
Ser pouco mais do que nada
quando, no fundo, se fez tudo.
A minha tese
Life is pleasant. Death is peaceful. It’s the transition that’s troublesome.
- Isaac Asimov-
by Giuseppe Pasquali
Porque nem só de abóboras é feito o Halloween...
Agradecimentos:
Desejo a todas uma hora pequenina!
Não quero ler estas linhas
!!!!!!!!
!!!!
!!
... e às vezes Ele escreve por linhas mesmo tortas.
Eu sei! Eu quero ser!
Tangram
Uma má utilização foi aquela testemunhada por alguns de nós recentemente. Na sequência dessa experiência algo deprimente gostaria de pedir-vos para nunca, jamais, colocarem pequenas figuras de Tangram a decorar os vossos slides de Power Point, nomeadamente se essas figuras ocorrerem totalmente fora de contexto e retratarem objectos semelhantes ao casebre semi-destruído do Bin Laden :p
[agradeço ao icbm esta extraordinária comparação entre um puzzle chinês com 4000 anos e um refúgio terrorista]
Sou preguiçosa mas não sou preguiça!
Aqui ficam alguns dados fascinantes acerca da verdadeira preguiça:
- O seu nome advém do metabolismo muito lento do seu organismo, responsável pelos seus movimentos extremamente lentos
- A pelagem pode parecer esverdeada devido à presença de algas que servem de alimento a determinadas espécies de lagartas
- Possuem 8 a 9 vértebras cervicais, o que lhes possibilita girar a cabeça 270° sem mover o corpo
- Costumam dormir cerca de 14 horas por dia
- São muito, mas mesmo muito feias!
[fonte: Wikipédia, excepto o último tópico que constitui uma opinião meramente pessoal]
Frrrrrrio!
Delírio culinário!!
... tenho este pequeno e tonto desejo de infância de fazer umas deliciosas e fofíssimas panquecas com uma cobertura a condizer!
(é o que dá ver muitos filmes americanos :p)
E a chuva trouxe cores!
Ontem fui verde-clarinho, quase amarelo, quase nada.
Por pouco não fui transparência das horas, desejando a noite.
Hoje fui vermelho-vivo, cadente nas nuvens de fim de tarde,
Adormecendo como laranja-ténue e rasgo de preguiça lilás.
Amanhã serei o que o Sol me trouxer, sem medo dos tons neutros
Ou do fulgor das obscenas temperaturas cromáticas.
No final serei sempre aquele arco-íris que a chuva traz,
Véu de tonalidades desencontradas na luz mutante dos dias.
Hoje é dia de docinho!
"Misture a farinha com o açúcar e junte o leite, ligeiramente batido com o ovo. Mexa com uma vara de arames para ligar os ingredientes. Adicione a margarina derretida e tempere com uma pitada de sal. Bata com a vara de arames até obter um polme liso e sem grumos.
Tic, tac...
Doem-me os olhos de ter ver.
Explode-me a alma de te prever.
Meu medo.
Cruel ampulheta.
Espero...
Há coisas que nunca passam de moda
Celebração do centésimo post ou Emancipação luminosa!
Agradeço a todos as visitas assíduas e os comentários deliciosos esperando continuar a entretê-los com mais umas centenas de textinhos!! ;)
Obrigado por terem partilhado estes 100 clarões de luz comigo!
Missão
É fazer a diferença na vida das pessoas, dar-lhes a mão e um pouco da alma, perceber que somos todos tão iguais nas alegrias e nas angústias.
Entender o medo, a raiva e a negação e saber o que dizer nos momentos de agonia, de dor e de desespero.
Aceitar a morte é o derradeiro desafio. Entender que morrer é tão inevitável como amar.
O topo do meu tudo
Que construí para mim:
Miragem nos meus momentos maus,
Refúgio das expectativas devastadas,
Oficina de ser e de querer quando tudo muda.
Sou do ar puro e da relva fresca.
Sou do mundo ancestral das ideias.
Sou das palavras.
Sou de tudo um pouco.
Stickers decorativos
Recomeço
é saber quem somos
é vestir os sonhos
Os dados estão lançados
Um bocadinho farta!
Diário de um exílio
Ainda que as palavras possam ser caminhos metafóricos para estados de espírito neste momento encontro-me literalmente exilada.
A minha casa está em remodelação: sala, hall e corredores. Ou seja, divisões básicas para a circulação pelos aposentos da família. Como tal, barriquei-me no meu quarto, com um pacote de bolachas e o computador portátil à espera que termine o árduo dia de trabalho das 4 alminhas que circulam pela minha casa. Tenho que pedir licença e contornar móveis e manchas de tinta cada vez que quero realizar actividades tão básicas como ir à cozinha comer qualquer coisa ou atender o telefone.
O mais dramático é que não posso sair de casa nem por um mísero minuto porque, sendo a única residente ainda de férias, devo defender este moderno castelo de 6 assoalhados da cobiça de 4 trabalhadores da construção civil. Como tal, esperam-me desafios largamente interessantes como suportar intenso cheiro de tinta, ouvir ininterruptamente música brasileira e tentar descobrir porque é que, de vez em quando, a luz vai abaixo e fico sem Internet.
Resta-me o meu blog, por estes dias a minha melhor janela para o mundo ;)
Viva a globalização!
O desenho
Perdi toda a noção da realidade, que teima em dizer-me que a minha inteligência artística está ainda por se manifestar, e abordei o lápis e o papel como se nunca tivesse feito outra coisa na vida... mais! como se desenhasse ali a minha própria vida!
E assim me fiz, numa metáfora nascida do carvão.
Dos pés à cabeça, sou borboleta e fogo e água do mar! Se me cortarem agora as asas continuarei a voar, como se correntes de ar mágico me impelissem para cima.
Talvez guarde o desenho para mim e daqui a longos anos ainda saiba o que significa. Acho que, como os sonhos, se mostrar não se realiza. Embora todo o teor com que foi feito implica que logo desde o início seja impossível.
Não quero ser coloquial
Auto-biografia em 4 estrofes
Para compensar todas aquelas
Que gritei sozinha em silêncio.
Os momentos que nunca vivi
Para compensar todos aqueles
Que me atormentaram.
Os beijos que nunca dei
Para compensar todos aqueles
Que apaguei da minha memória.
A pessoa que ainda não sou
Para compensar
Aquela que deixei de ser.
Poema do dia seguinte
Sustida por um fino fio de seda,
Fiel aos príncipios ancestrais
Do início de mim.
Permanece, dura, sobrevive,
Eleva o meu corpo a cada manhã
Fá-lo transpor os limites
E ser qualquer coisa
Que os outros compreendam.
Pareço mais do que sou
Na verdade, sou muito pouco.
Tudo o que tenho
É para me mascarar de gente.
Cá dentro sou sombra,
Reflexo ténue do que fui
Angústia numa redoma de amor.
Monólogo das duas da manhã
Alguém...
Quem souber quem eu sou,
Alguém!
Por favor arranque esta sensação do meu peito,
Faça este nó desaparecer,
Reanime a minha coragem.
É tão difícil vencer esta dor,
E nem sei mais o que é chorar,
Não grito nem discuto,
Sou mais forte do que quero ser.
Porque não choro nunca
Mas continua a doer!
A minha tarde amarela e luminosa
"Só conhecemos as coisas que prendemos a nós"
"Os outros passos fazem-me fugir para debaixo da terra. Os teus hão-de chamar-me para fora da toca, como uma música. E depois, olha! Estás a ver, ali adiante, aqueles campos de trigo? Eu não como pão e, por isso, o trigo não me serve de nada. Os campos de trigo não me fazem lembrar de nada. E é uma triste coisa! Mas os teus cabelos são da cor do ouro. Então, quando eu estiver presa a ti, vai ser maravilhoso! Como o trigo é dourado, há-de fazer-me lembrar de ti. E hei-de gostar do barulho do vento a bater no trigo...
A raposa calou-se e ficou a olhar durante muito tempo para o principezinho.
- Por favor...Prende-me a ti! - acabou finalmente por dizer.
- Eu bem gostava - respondeu o principezinho - mas não tenho muito tempo. Tenho amigos para descobrir e uma data de coisas para conhecer...
- Só conhecemos as coisas que prendemos a nós - disse a raposa. - Os homens, agora, já não têm tempo para conhecer nada. Compram as coisas já feitas nos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos, os homens já não têm amigos. Se queres um amigo, prende-me a ti!
- E o que é que é preciso fazer? - perguntou o principezinho.
- É preciso ter muita paciência. Primeiro, sentas-te um bocadinho afastado de mim, assim, em cima da relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não me dizes nada. A linguagem é uma fonte de mal entendidos. Mas todos os dias te podes sentar um bocadinho mais perto..."
Mutante
E, subitamente, identifico-me com esta louca letra ;)
Um dia ainda hei-de relembrar as desgraças todas deste semestre e dançar assim lol
Eu sou fumo
Fotocópia de nada
Espiral em direcção ao infinito
Numa escada em caracol: metaforicamente a vida ou literalmente a vida!!
Príncipe encantado, onde estás? II
Príncipe encantado, onde estás?
(uma pergunta que já passou pela cabeça de muitos de nós, certamente)
Eu estive a ponderar e penso que talvez as perguntas correctas sejam:
- Onde estão as pessoas reais em quem os senhores que concebem as comédias românticas se inspiraram?
- Será que as comédias românticas são na realidade filmes de ficção científica?
Enquanto pensam no assunto deixo-vos o compacto de um filme que eu gosto imenso...
"Two weeks notice"
E agora ficamos todos à espera do Hugh Grant ou da Sandra Bullock das nossas vidas (o meu pode vir com o sotaque inglês incluído, sff :p)
Dilema em tempo de estudo
Em fios de seda
Outro desafio
E proponho, ainda, que organizemos, depois dos exames e destas trabalheiras todas, um almoço ou um jantar para o convívio deste grupinho dos blogues (aberto ao público em geral também claro :p)
Por fim, não fiquem assustados com este meu espírito de recrutamento intensivo, prometo não tentar convencer ninguém a aderir a uma seita religiosa esquisita ou ao grupo de venda domiciliária da Bimby ou das Tupperware.
A propósito, aqui fica uma imagem da fabulosa Bimby e a seguinte questão: "Será que esta pérola da tecnologia moderna também consegue estudar Medicina I e fazer o exame objectivo a um recém-nascido?"
Conhecer alguém
Será isso possível?
Se não é possível compreender verdadeiramente alguém que não nós próprios, a desilusão e a tristeza estarão sempre ao virar da esquina.
Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.
Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo.
Fernando Pessoa
Quem sabe o que será?
Viver numa casa de espelhos onde cada dia é apenas um reflexo mais ou menos distorcido do anterior e um prenúncio quase certo do seguinte. O desejo permanente de alcançar o inalcançável, de esticar o tempo até ao infinito e de ver todo o esforço, enfim, recompensado.
A cada nova manhã um recomeço, uma busca incessante para enfrentar o tédio, o desespero e o cansaço. Reviver vezes sem conta, desde que o Sol nasce até que desaparece no horizonte, a incerteza do resultado de todo este estudo e de todo este sofrimento.
E porque o dia só termina daqui a muitas horas, escrevo estas breves palavras e de novo regresso à minha prisão invísivel. Anestesio as minhas emoções e suspendo a minha vida em nome de tudo isto e no fim... Quem sabe o que será?
Desabafo
Bonequinha
Agora estou aqui sentada e demoro-me a pensar... Onde está a minha bonequinha de pano? A minha bonequinha de estrelas e de magia e de incenso? A bonequinha que tem o meu abraço e que interpreta o sonho no reflexo dos meus olhos? Estou triste porque a deixei sozinha num banco de jardim, entre as camélias e os malmequeres brancos, não me esqueci mas também não me lembrei, e ela chorou uma lágrima pequenina. E agora aqui estou, com uma pétala de flor cravejada no meu peito, a tricotar um vestido de purpurina e pirilampos para que ela me perdoe!
Dermatologicamente feliz!
De pernas para o ar
Vou deixar a rua me levar
Há outras coisas no caminho onde eu vou
As vezes ando só, trocando passos com a solidão
Momentos que são meus, e que não abro mão
Já sei olhar o rio por onde a vida passa
Sem me precipitar, e nem perder a hora
Escuto no silêncio que há em mim e basta
Outro tempo começou pra mim agora
Vou deixar a rua me levar
Ver a cidade se acender
A lua vai banhar esse lugar
Eu vou lembrar você
É mas tenho ainda muita coisa pra arrumar
Promessas que me fiz e que ainda não cumpri
Palavras me aguardam o tempo exato pra falar
Coisas minhas, talvez você nem queira ouvir
Já sei olhar o rio por onde a vida passa
Sem me precipitar, e nem perder a hora
Escuto no silêncio que há em mim e basta
Outro tempo começou pra mim agora
Vou deixar a rua me levar
Rubi
Sobes a escada e não páras nunca,
Manifesto Anti-Estudo
Estudo são milhares de folhas monótonas.
Morra o Estudo, Morra! Pim!
O Estudo é uma seca.
Pediatria: Visita ao mundo que os adultos criaram para as crianças
Ali! No jardim! É dia de festa. Há porquinhos e ratinhos e estrelas e tubarões surfistas a saltar por todos os lados, alguns mais talentosos projectam toda a sua psicomotricidade no palco improvisado. Alguns têm papás que não sabem sê-lo, papás que batem e que ofendem, papás que ignoram e negligenciam. Mas ali, naquele cenário de cartão e aguarela, elas são todas carochinhas e eles são todos mosqueteiros, metaforicamente reescrevendo a sua história rumo à felicidade.
Tudo é tumulto, uma confusão comovente de olhos límpidos e sorrisos desdentados, de bibes e de babetes, de bonés e de enfeites de cartolina. E nós somos um grupo de gigantes tentando entendê-los. As cadeiras são pequeninas, e as caminhas, e as mesinhas e todos os inhos e inhas que também vi mas já não me lembro. De repente sinto vontade de dançar também, de desenhar, de encolher e vestir um daqueles vestidos de princesinha. Da cozinha vem o cheiro do almoço, um cheiro que me é familiar...sim, cheiros que despertam memórias...eu conheço esta sensação!
Olho para cima e vejo todas aquelas pessoas grandes sem perceber o que fazem ali à hora da sopa. Corro para o meu lugar no fundo da mesa amarela, esgueiro-me na cadeira pondo os joelhos no assento e confirmo o meu nome no autocolante com passarinhos vermelhos:
S--O--F--I--A!
...
Um balde de água gelada.
Umas braçadas no mar.
Uma corrida vertiginosa pela encosta verde.
Um salto de pára-quedas.
Um passeio pelas estrelas.
Um voo por cima do abismo.
Um abraço forte.
Pegadas na areia molhada
Poema sem rimas
Esta alma que me habita
E que nunca se esgota
De infinita imprevisibilidade.
Feita de lágrimas e sorrisos
Em vertiginosas transições
Que nem eu entendo.
Um dia sol e no outro lua,
Uma viagem que se repete
Cada manhã como se fosse a primeira
Numa eterna recapitulação da vida.
Sem espaço para o desespero
Recalco toda esta angústia
Para uma sombra de alma
Algures na profundidade da memória.
Resta um esboço de rosto
E um gesto largo de esperança
Tentativa de voltar a ser quem sou
Mas diferente de tudo o que sempre fui.
Evening star
You may rise to find the sun"
Estes dias...
Há pouco tempo descobri, não exactamente perdidos mas quase esquecidos, rascunhos que escrevi há muito tempo e durante muito tempo. Como numa espiral de semanas, meses e anos regressei à Sofia que era e procurei sentir o que ela sentia quando escreveu aquelas palavras. A dor que sentia, lembro-me bem. Como num ciclo, necessário mas tantas vezes injusto, revejo-me nesses momentos melancólicos, mais madura e sensata mas, ainda assim, tão igual à Sofia menina de antigamente.
Desta forma, mais ou menos mágica, no entanto tão concreta como aquelas folhas de papel e aqueles salpicos de tinta a Sofia do passado fala com a Sofia de agora e ambas se compreendem de uma forma única e intemporal.
Redescubro-me e ganho forças para me transformar, mais uma vez, na Sofia do futuro.
História das estrelas - Lira
Hipnose
Trabalhar para o bronze
À procura da inquietação
Help!
Às vezes já nem sei bem se o calor vem de fora ou se emana de mim, depois de toda uma tarde a absorver graus centígrados e a rezar por uma brisa refrescante.
E assim se tenta estudar, languidamente: passa uma página, revê um conceito, sublinha uma frase. Agradece-se por a quarentena não incluir dores de cabeça (temos de ver algo positivo em tudo) e lamenta-se por não se poder vestir o biquini e correr para a piscina do prédio da frente.
É este diário monótono que partilho hoje, com toda a minha imaginação adormecida, sem grande ânimo e com uma triste carência de ideias.
Em pontas
Neste ténue equilíbrio em que vivemos, a cada momento uma leve e imprevisível brisa pode derrubar o castelo de cartas da nossa vida. Todos os planos e todas as certezas são voláteis e frágeis. Ainda assim, é extraordinária a beleza desse equílibrio, desse pedaço de perfeição que cada um de nós luta por construir a cada dia, contra todas as circunstâncias adversas.
Por uns segundos, somos pluma ou cristal de gelo ou pedaço fino de seda, pairando magicamente num mundo de tempestades. E esses segundos orientam todos os outros, são uma pequena e crucial variável na teoria do caos.
Entre a espada e a parede
Nestas alturas sinto-me quase literalmente dentro do provérbio "entre a espada e a parede", sendo a espada a possível consequência da minha negligência académica e a parede o acto doloroso de me dedicar ao estudo desta bela ciência que é a Medicina. De uma maneira mais simples e penso que mais fiel àquilo que eu sinto neste momento: para fugir de ser trespassada pela espada do chumbo e da humilhação choco sucessivamente (tipo filme do Charlot, sim) contra a parede entediante do estudo.
Estive a pensar e acho que o Ministério do Ensino Superior devia oferecer a cada um de nós um daqueles capacetes de realidade virtual e assim, nos intervalinhos do nosso estudo, para não se perder muito tempo, fingíamos de forma mais ou menos credível que estávamos na praia, ou na piscina, ou num passeio pelo campo. Eu acho que acabava por fazer uma figura menos triste (com o capacete na cabeça, a simular um mergulho na carpete da sala) do que aquela que faço horas sucessivas inclinada sobre as anotadas de Medicina I, numa postura que se começa a assemelhar perigosamente à do corcunda de Notre Dame (numa versão bastante mais feminina e sexy, pronto).
Depois deste desabafo mais ou menos delirante não me restam muitas alternativas que não incluam desligar a net e sentar-me de novo na minha mesa de trabalho.
A quem servir a carapuça, bom estudo! :p